Já há muito esperava por uma fase boa, espera, uma fase realmente boa. Uma fase que me fizesse dizer com certeza e com sorrisos: eu estou feliz. Eu sou feliz. Eu vou ser feliz.
Ontem antes de dormir, lembrei-me de ti, avô. Sabias? E deu-me um arrepio carregado de nostalgia só porque, neste momento, és a pessoa que mais desejava que estivesse aqui. Para me ver na faculdade, para fazer o que as pessoas que mais amo vão fazer, olha por exemplo, rasgar-me a capa na minha primeira serenata como doutora. Gostava que estivesses aqui, para veres o quanto o meu esforço e a minha fé valeram a pena. E sobretudo para perceberes o quão estou eu a seguir os teus passos.
Perdoar e acreditar. As duas grandes lições que, para te ser sincera, super-herói, não contava aprender da forma que aprendi nestes ultimos meses. Tem sido tudo tão complicado, desabafo. Apaixonei-me pela primeira vez por alguém a sério, agluém que decidiu magoar-me a deixar de fazer parte da minha vida, e olha que eu nunca soube o quanto isso doía realmente. E doeu. As amizades que achava durarem até sermos velhinhas, acabaram. Foram embora também. Acreditas que tudo o que mais gostava se lembrou de ir embora, ao mesmo tempo, de repente? E eu ainda tinha de ter força para perdoar tudo isso, todos eles. E para perdoar-me a mim, que também errei e precisava mais do que tudo arranjar uma forma de seguir em frente sem olhar tantas vezes para trás, como fazia sempre. A faculdade também se tera complicado. Meu deus, eu achava que a minha vida estava ao contrário e não sabia sequer como mudar isso. No que iria acreditar agora, avô? Chegava ao ponto de pensar mais nos problemas dos outros só para que os meus não me magoassem tanto. Mas olha, não adiantou.
Passaram-se meses -mais uma vez, com uma rapidez que nem eu compreendo- e agora, tudo se está, finalmente, a compor. Quer eu quisesse quer não, eu aprendi a lidar com a perda, ou melhor, com as perdas que mais me doeram. Com a angústia de saber que tinha de seguir em frente sem eles, com o medo de me magoar amanhã, ou quem sabe até mesmo a tentar levantar-me.
Mas olha só, eu consegui. Eu Perdoei. Eu Acreditei. Eu Consegui.
E tudo isto porque eu tive fé na minha força, no que eu podia vir a alcançar se acreditasse que, mesmo sozinha, iria conseguir recuperar o chão que me tiraram. E o que foi embora hoje é uma lição para mim, de que melhores coisas chegaram e ainda estarão para chegar.
Hoje eu posso dizer, eu estou feliz. Eu vou ser feliz.
As mudanças têm que chegar, e olha que às vezes fazem bem, não é? Que assim seja.
Fazes-me falta. Antes tivesses tu aqui comigo.
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