quarta-feira, 16 de julho de 2014

ou pelo menos, estavas

Não é por acaso que sou melhor a escrever do que a falar. Quando falo, digo tudo o que não quero, digo coisas de cabeça quente, do momento, digo palavras desajeitadas e parvas, como se não precisasse de ninguém, nem mesmo de ti.
Quem não me conheceu há uns anos atrás nunca se acreditaria que era durona, desprendida, fria, mas alegre, mais confiante (mas sempre pouco), desligada, descontraída, numa de «deixar andar.» A verdade é que eu achava sempre que tinha tempo para tudo –“amanha faço”- mesmo no que diz respeito a demonstrar sentimentos pelas pessoas, pelas minhas pessoas.
Mas o dia que temia tinha chegado e o meu avô tinha falecido, foi aí que tive de procurar uma forma de expressar-me porque se não podia vir a dar-me muito, muito mal. E essa forma foi escrever. Comecei a escrever e vi que era aí que estava o meu maior refúgio. Por isso aproveito para escrever-te, para variar, visto que sou muito melhor a expressar-me assim.
Os meus ditos melhores amigos sempre foram rapazes, raras eram as raparigas para quem tinha paciência, talvez por elas terem caraterísticas que eu mesma tenho. Tive um chamado melhor amigo durante metade da minha vida, nunca me falhou, sempre me ajudou em tudo e dizia com orgulho que ele era um excelente amigo, um irmão. As coisas foram mudando também, como tudo na vida, infelizmente.
Não sei porque é que me identifiquei tanto contigo quando nos aproximamos, mas comecei a confiar em ti de uma forma que nem eu explico muito bem, e vejo em ti alguém especial, como já te disse, alguém que tem muito mais para dar do que aquilo que demonstra, que tem um coração do tamanho do mundo. Alguém a quem chamo também de melhor amigo. Alguém que me ouve, que me apoia, que sabe os dramas da minha vida como se esses fossem algo muito grave, que me ajuda sempre que preciso e que está lá para mim. É verdade, tu estás sempre lá para mim. E esse foi o meu mal. Apeguei-me a ti e vi em ti um pouquinho de alguém que eu era antes. E tive saudades minhas, se calhar é por isso que exijo tanto de ti injustamente, que tenho tanto medo de te perder. Esqueço-me que é comigo que tenho de resolver o maior problema de todos, e olha que não é o nosso, é o meu.

Só queria mesmo era que soubesses que gosto muito de ti, como um irmão, sabias? Como um irmão, mesmo que te diga o contrário tantas vezes. E que não queria que nada disto acabasse como tanta coisa foi acabando ao longo do tempo. Não se pode viver de medos, não é? Também quero que saibas que tenho muito orgulho em ti, no matter what, e que tudo o que te disse quando te foste mais abaixo vou dizer sempre que precises. Porque eu sou mesmo mimada, chata, insegura, impaciente e irritante, e mesmo assim tu estás lá para mim.
Ou pelo menos, estavas

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