Não é por acaso que sou melhor a escrever do que a falar.
Quando falo, digo tudo o que não quero, digo coisas de cabeça quente, do
momento, digo palavras desajeitadas e parvas, como se não precisasse de
ninguém, nem mesmo de ti.
Quem não me conheceu há uns anos atrás nunca se acreditaria
que era durona, desprendida, fria, mas alegre, mais confiante (mas sempre
pouco), desligada, descontraída, numa de «deixar andar.» A verdade é que eu
achava sempre que tinha tempo para tudo –“amanha faço”- mesmo no que diz
respeito a demonstrar sentimentos pelas pessoas, pelas minhas pessoas.
Mas o dia que temia tinha chegado e o meu avô tinha
falecido, foi aí que tive de procurar uma forma de expressar-me porque se não
podia vir a dar-me muito, muito mal. E essa forma foi escrever. Comecei a
escrever e vi que era aí que estava o meu maior refúgio. Por isso aproveito
para escrever-te, para variar, visto que sou muito melhor a expressar-me assim.
Os meus ditos melhores amigos sempre foram rapazes, raras
eram as raparigas para quem tinha paciência, talvez por elas terem
caraterísticas que eu mesma tenho. Tive um chamado melhor amigo durante metade
da minha vida, nunca me falhou, sempre me ajudou em tudo e dizia com orgulho
que ele era um excelente amigo, um irmão. As coisas foram mudando também, como
tudo na vida, infelizmente.
Não sei porque é que me identifiquei tanto contigo quando
nos aproximamos, mas comecei a confiar em ti de uma forma que nem eu explico
muito bem, e vejo em ti alguém especial, como já te disse, alguém que tem muito
mais para dar do que aquilo que demonstra, que tem um coração do tamanho do
mundo. Alguém a quem chamo também de melhor amigo. Alguém que me ouve, que me
apoia, que sabe os dramas da minha vida como se esses fossem algo muito grave,
que me ajuda sempre que preciso e que está lá para mim. É verdade, tu estás
sempre lá para mim. E esse foi o meu mal. Apeguei-me a ti e vi em ti um
pouquinho de alguém que eu era antes. E tive saudades minhas, se calhar é por
isso que exijo tanto de ti injustamente, que tenho tanto medo de te perder.
Esqueço-me que é comigo que tenho de resolver o maior problema de todos, e olha
que não é o nosso, é o meu.
Só queria mesmo era que soubesses que gosto muito de ti,
como um irmão, sabias? Como um irmão, mesmo que te diga o contrário
tantas vezes. E que não queria que nada disto acabasse como tanta coisa foi
acabando ao longo do tempo. Não se pode viver de medos, não é? Também quero que
saibas que tenho muito orgulho em ti, no
matter what, e que tudo o que te disse quando te foste mais abaixo vou
dizer sempre que precises. Porque eu sou mesmo mimada, chata, insegura,
impaciente e irritante, e mesmo assim tu estás lá para mim.
Ou pelo menos, estavas.
Sem comentários:
Enviar um comentário