domingo, 2 de outubro de 2011

uns anos & uns dias.

Há uns anos, numa das mil e uma fases da minha adolescência, aprendi uma enorme lição. Uma que me vai marcar para toda a vida e que gostava de partilha-la convosco.
Quando as pessoas dizem as típicas frases: «as aparências iludem» ou «não julgues o livro pela capa», por vezes, não dizem de coração. Dizem porque fica bem, porque afinal, muita gente também o diz.
Confesso-vos uma coisa, nunca senti tanto orgulho em por em prática essa frase e senti-la, lutar com ela, muitos e muitos dias. Passo a explicar: há uns anos, conheci um rapaz. Uma pessoa diferente, com um estilo diferente do comum, com uma maneira introvertida de ser, uma pessoa tão linda, que se escondia por de trás das roupas escuras, de lentes, de acessórios que assustavam muita gente, do estilo em si que causava algum preconceito. Era um estilo gótico. Eu, na minha curiosidade enorme pensei imediatamente «vou saber quem és, quem realmente és». E assim foi. Todos os dias me perguntavam quem era o rapaz que me acompanhava nos intervalos da escola, que eu tanto falava, questionavam-me se ele era boa pessoa, até chegaram a pensar se não seria perigoso. Eu sorria. Eu sorria nas vezes que me perguntavam isso.
Eu sorria quando vinham ter comigo e desejavam saber quem era afinal o Daniel, quem era aquele rapaz que tanta gente olhava espantada, sempre tão sossegado.
E mal sabiam que o sorriso dele era dos mais bonitos de sempre (...)
Estar com ele era estar com um sorriso no rosto, era brincar, era sentir-me segura, era construir todos os dias uma amizade tão linda, que pouca gente conseguia entendê-la. Pouca gente conseguia ver o sentimento que ia crescendo por cada momento cúmplice.
Na verdade, muito pouca gente me conseguiu apoiar como ele me apoiou, me deu a mão da maneira que ele deu quando precisei e me animou da maneira como ele fazia sempre.
Ninguém conseguia fazer-me bem como ele, talvez nem ele tenha a noção disso.
Hoje, hoje passados anos e dias desta enorme lição, olho para trás com um sorriso e com um orgulho maiores que o mundo, ambos mudamos, o rapaz com o estilo invulgar mudou, cresceu, pois eu também. Mas sabem uma coisa? Não foi ele que mudou, foi o cabelo, as roupas, o que usa e como se veste. Ele continua o mesmo, o coração puro dele continua o mesmo.
Espero que sintam esta enorme lição que aprendi, que a vejam como eu, este livro que muitos julgavam pela capa, é um livro cheio de humildade e força. E a moral da história? Não se deve, verdadeiramente, julgar alguém só porque sim. Tenho pena que muita gente olhe mais com os olhos do que com o coração, talvez fosse melhor se não o fizessem.
Nunca me vou esquecer da vezes que me ri contigo, das vezes que desabafei, que me ajudaste, que estiveste do meu lado.
Este texto, meu eterno perú -como sempre te chamei carinhosamente- foi escrito com uma lágrima no canto do olho. É que mesmo que não falêmos tanto, e que tudo tenha mudado, fazes-me muita falta. Ninguém te vai substituir. As saudades não dão para contar e acredita, Adoro-te tal e qual como dantes. Nada muda isso.
Já não (te) escrevia há um tempo. Não te esqueças de mim, and Stay with me. Lembras-te?

Sempre, até já. * 

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