segunda-feira, 6 de junho de 2011

não ias gostar que te dissesse todos os dias o quanto te amo.

É tão fácil escrever-te. sabias, mãe? É tão espontâneo quando tenho de dizer-te alguma coisa, quando me apetece escrever-te mil cartas, quando me apetece simplesmente brincar contigo.
É tudo tão fácil, desde que estejas do meu lado.
Tenho andado cansada desta rotina interminável, nem o chá de manga e pêssego que tanto gosto me tem ajudado. Nem o reggae, nem o ajeitar a rasta todas as noites, que acredita, é das coisas que melhor me sabe fazer.
Tenho andado tão exausta, mãe. E sabe tão bem quando chegas ao quarto e perguntas só «como foi o teu dia, filha? estás tristinha?». Sabe tão bem quando te limitas a sorrir.
E sabes o que me assusta? Abrir a porta de casa, saber que já sou uma «mulherzinha» como diz a avó, sair, ir para a escola, preocupada, porque amanhã vou para a faculdade e porque muita coisa vai, com certeza, mudar. Abrir a porta de casa, ler os livros que não foste tu a oferecer-me, usar as roupas que comprei desta vez com o meu próprio dinheiro, abrir e olha, lá ter de sair um dia destes (talvez).
Mas a pergunta é: a ligação -maior que o amor que ambas temos uma pela outra,- pode desaparecer? Não, não pode. Não pode, mãe, porque o nosso amor é o mais bonito de todos. O mais puro. E não há-de haver porta que nos separe. Por mais que eu cresça, mesmo que vá estudar para longe (talvez não vá), por mais trabalhos -que me afastem- que eu possa vir a ter, por mais roupas que compre com o meu dinheiro, popoti, a nossa ligação jamais se perderá.
E sabes porquê? Porque nos dias maus as coisas fáceis passam a saber bem, e ter-te comigo torna este mundo fútil mais fácil. Ou pelo menos, menos duro. Porque mesmo que eu cresça desta forma rápida, mãe, desta que sei que não gostas nada, vou ter sempre os teus beijinhos sufocantes de boa noite (e sufoca-me sempre que quiseres).
Vou ter sempre o teu amor, a tua preocupação, os teus chás quando estou de cama, os teus raspanetes sempre que faça asneira e as gargalhadas sempre que diga as minhas piadas parvas.
É que tu és a mulher mais linda de todas, e nem te apercebes disso.
É que é graças a ti que tenho este medo de abrir a porta de casa. Mas é também graças a ti que sou tão feliz e tão completa.
E acredita, mãe, não ias gostar que te dissesse todos os dias que te amo, porque não sou assim, não preciso de falar, nunca precisei. Sentes e, sobretudo, sabe-lo melhor que eu.
Sou uma menina da mamã, e isso, oh, tão cedo não muda.

(amo-te, todos os dias com ou sem mares de rosas.)

1 comentário:

  1. São palavras destas que me prendem, palavras descontraídas, verdadeiras, de quem sente, de quem sabe amar.
    Mais que se ler cada frase, sente-se cada carinho, cada gratidão, cada sorrisos e cada lágrima.
    Aqui lê-se vida e eu sou amante de histórias reais.

    Um beijinho :)

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