segunda-feira, 27 de outubro de 2014

(quase) 8 anos

Oito anos é muita coisa, parece. Passaram-se quase oito anos e continuo a questionar-me como seria se ainda estivesses aqui. Há coisas que ficaram iguais, mas há outras que mudaram tanto, avô.
Pergunto-me como seria a nossa vida agora se aquela maldita doença não te tivesse levado tão cedo, se não tivesse partido os nossos corações como partiu, se não te tivesse arrancado de nós desta forma tão ingrata. E sabes o que custa mais? É que cada pequena coisa que mantém as tuas recordações aqui parece ir desaparecendo com o tempo. As pessoas vão adoecendo, morrendo, outras, vão mudando e desiludindo, outras vão-nos surpreendendo também. A tua alegria contagiava toda a gente e nós, claramente, não eramos excepção. A tua força conseguia fazer toda a gente que te rodeava acreditar que o amanhã ia ser melhor, principalmente a mim, e eu nem tinha a noção disso. Não tinha a noção do quanto a tua presença tornava as coisas melhores, mais confortáveis, tolerantes, felizes, cheias de esperança. É verdade, sempre tive o coração carregado de esperança graças a ti, sempre acreditei que a vida me ia sorrir porque o exemplo da tua vida era a prova de que com esforço podemos conquistar o melhor do mundo. E agora, como faço isso sem ti?
É isso que me pergunto agora, quase oito anos depois de teres ido embora. Escrevo, falo contigo sempre que preciso e tento manter-te o mais presente possível na minha vida, na nossa casa e no coração, mas a verdade é que não é igual, por mais que tente acreditar que sim, às vezes simplesmente não sei como fazer. Diziam e continuam a dizer-me que é a lei da vida, que o caminho é sempre para a frente e que estás aqui na mesma, mas falar é tão fácil, não é? Quando não se sabe explicar bem este medo e esta dor que às vezes fazem questão de tornar os dias mais cinzentos.
Saudade é uma palavra tão cheia, acho que nunca conseguimos explica-la muito bem, talvez seja por isso que esta palavra é tão especial e tão sentida. E eu tenho tantas saudades tuas, minhas também. Do Simba, ah, o nosso pequenino companheiro, parte-me o coração estar sem ele e ser obrigada a saber que na vida temos de aceitar perdas por mais que nos custe. É que eu não queria aceitar, avô, eu não quero aceitar que vos perdi.
Hoje, pergunto-me como seria se ainda estivesses aqui, no que podíamos ter feito, no que podíamos ter sido, por mais que aceitemos é inevitável questionarmo-nos como seria, e hoje desejei tanto que estivesses aqui comigo outra vez (...)
Espero que estejas, meu anjo da guarda, espero que sim.

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