sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

sobre tempo

Já há muito que não escrevo e isso começa a fazer-me alguma confusão. Muito tempo é de facto relativo. Para mim muito, para outras pessoas pouco.
E é assim que funciona na vida também, o tempo é tão relativo e nós não sabemos. Estes dias dei por mim a ter algumas conversas que me deixaram a pensar, não sobre o tempo, mas sobre tudo o que não valorizamos. Talvez o tempo seja uma dessas coisas, se calhar a mais importante. Tudo o que não valorizamos porque o temos como certo. Porque achamos que nunca vai desaparecer.
Há oito anos vi uma das pessoas mais importantes da minha vida a partir, aqui em casa. E oito anos, tal como já disse, parece muito tempo. Mas não é. Oito anos ainda não bastaram para dar valor a metade das coisas que devia. Ou talvez comecem a bastar.
Hoje, olho à minha volta e reparo que tenho tanto. Tenho uma casa cheia de amor e uma vida cheia de mudanças, e, sem eu reparar, é isso que me faz feliz. Tenho pessoas de quem gosto imenso. Umas que me surpreendem pela negativa, outras, pela positiva. E afinal, a minha vida sempre foi assim, e provavelmente vai ser sempre. Tomamos as pessoas por garantidas e não imaginamos a sorte que temos em ter quem nos adore. Estes dias em conversa disse à Marcela que dizemos muito pouco às pessoas o quanto gostamos delas. Esse é provavelmente um dos meus grandes medos. Deixar que o dia acabe sem dizer às minhas pessoas o quanto gosto delas. Parece exagerado, não parece? Mas como diria um grande escritor que um dia li, nós nunca olhamos para as pessoas como quem se prepara para lembra-las. Nunca reparamos no quão bonitas elas são, no quanto as adoramos e no quanto um dia elas nos podem fazer falta, no que lhes faltaria dizer. Porque nós dispensamos pensar no fim. E isto parece dramático, mas é só uma forma de refletir no quão é importante dizer: gosto muito de ti. Acho que o digo muitas vezes agora. Algumas pessoas provavelmente acham-me lamechas, outras entendem que preciso de o fazer. Preciso de o fazer porque há oito anos não o fiz e é um erro que faço questão de ir remendando, no meu dia-a-dia, sempre que tenho tempo e coragem para o fazer. E o tempo é tão relativo.
E hoje apetece-me um abraço. E lembrar-me que tenho muita sorte, que tenho tanto para aproveitar, que tenho tempo. Mas o tempo é relativo.

/keep on moving*


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