quarta-feira, 15 de abril de 2015

Porque sentimos medo?

Uma das primeiras coisas que me ocorreu no pensamento hoje de manhã foi «está a chover, que chatice, que preguiça, não me apetece sair de casa; mas tenho de sair, não é por estar a chover que vou deixar de o fazer, doida.» Talvez isso me tenha dito muito mais do que imaginei.
Hoje, enquanto conduzia para a faculdade, pus-me a pensar em algumas coisas que ultimamente me têm incomodado. Dizem que a chuva nos faz refletir de um modo mais lamechas e começo a acreditar que seja verdade. Pensei em todas as coisas que aconteceram nestes últimos meses, nas pessoas que partiram, nas coisas que acabaram, nas mudanças que chegaram, nas correrias, nos exames médicos, das inseguranças. Questionei-me, como sempre faço de forma infantil, porque é que as coisas têm de acabar assim, porque é que as pessoas nos têm de desiludir, de nos magoar e porque é que fazemos sempre tanto e por vezes recebemos tão pouco. Disse-me o meu pai em tom de desabafo que nunca vamos mudar, que faremos sempre o possível pelas pessoas e vamos achar que elas farão o mesmo por nós. Estamos enganados. Sempre estivemos, e, provavelmente, continuaremos a estar. Mas é assim que nos sentimos bem, não é? Mesmo magoados, mesmo desiludidos, fazer o melhor pelos outros conforta-nos e faz-nos sentir especiais. Não, não somos heróis nem perfeitos, mas temos uma qualidade que pouca gente poderá negar: a honestidade. Somos honestos, e por isso ajudamos os outros de forma honesta, e por isso achamos que todos serão honestos connosco também. Loucos, não parecemos?
Questionei-me também, porque é que tenho sentido medo. Sim, medo de continuar, medo de não atingir objetivos, de estar sozinha, de confiar tanto nas pessoas, de sonhar. Porque é que sentimos medo? Respondi-me. Com essa pergunta lembrei-me de todas as coisas por que já passei até hoje. E finalmente percebi, é normal ter medo. Essas tais coisas que aconteceram até hoje ensinaram-me muito mais do que pensei mas também me entristeceram, e por isso é que tenho medo, ter medo é normal, ter medo de perder é normal. Porque perder dói, desilude, apaga esperanças. Mas ensina. E por isso sei que este medo também me vai ajudar daqui para a frente. Sentimos medo porque estamos conscientes, porque sabemos que a vida pode mudar a qualquer momento. Mas não podemos deixar que esse medo nos consuma a alma e nos dissipe a esperança e, principalmente, destrua os nossos sonhos. Temos de sonhar. Lutar. Persistir. Cuidar de nós. Cuidar de quem nos quer bem. Temos de continuar.
E por isso também cheguei a uma conclusão bastante importante. Não é por estar a chover que vou deixar de sair de casa, e, naturalmente, não é por ter medo que vou deixar de viver.

É tão bom saber que a vida pode mudar e que nós próprios podemos ser os agentes dessa mudança (...)


ponto 3: não desistir.



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