quarta-feira, 20 de julho de 2016

baú das recordações*

E de repente, quando abri a caixinha das recordações, e o coração das melhores memórias, encontro isto.

A uma pessoa que me mostrou tanto, e que tantos momentos me proporcionou.
Existiu uma infância em mim. Preciso dizer que só damos por ela quando acaba. E percebemos que houve momentos e pessoas que nos marcaram e que nos modelaram mesmo sem sabermos. E quando fazemos retrospectiva daquilo que vivemos nesse tempo e aquilo que somos hoje, vemos que somos sempre um bocadinho das pessoas que nos marcaram.
Sou muito de muita gente. Muito das pessoas que me acarinharam, que me mostraram a fantasia do mundo em que estamos, que me mostraram que a vida pode ser mais do que aquilo que queremos dela. E este Homem mostrou-me isto tudo e da melhor maneira possível.
Desde os aniversários bem-dispostos que passei em casa, as conversas na garagem enquanto algum biscate estava a ser feito, idas à praia da Madalena e comer naquela barraquinha que tanto gostava e que recordo vezes sem conta. Tudo isto marcou, não só uma infância, mas uma vida inteira, porque existe sempre um tempo em que tudo é recordado, em que tudo vem à mente, principalmente, quando os momentos são menos bons, pois aí recordámos sempre o sorriso daqueles que nos levantaram.
Mas há mais situações que nos marcam. Aquilo que sigo hoje é muito daquilo que ouvi da sua boca. O meu gosto por ler o que os outros escrevem, recordando sempre as histórias bonitas que eram contadas naquela garagem. A minha maneira sempre positiva de ver o mundo que me rodeia, fortemente influenciada pela própria maneira como via o mundo, sempre com uma força extraordinária, acreditando na possibilidade de um mundo melhor e mais justo.
E agora a despedida, que não foi feita de forma justa. Muito por falta de força, muito por falta de coragem. Porque o luto foi feito em silêncio com as recordações que estão escritas num livro de memórias. A recordação será eterna, porque sou melhor hoje por aquilo que tive o prazer de ver e ouvir no passado.
Obrigado por tudo. Pelo modelo que foi, pela humildade que me inspirou, pelo simpatia que sempre teve para mim e pela vontade de vencer que sempre teve até ao fim e que me mostrou que o Homem pode ser invencível.
Só a doença venceu.
Mas nunca venceu ao homem, venceu à vida.





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